CONQUISTA DA VIA “FACE LESTE” DO PICO SÃO LUIS, SERRA DO CARAÇA, MG

Por Gustavo Vianna “Tigrão”

Para encerrar a temporada de longas conquistas de 2012 eu e meu amigo Marcus “Rufino” decidimos terminar um projeto iniciado no começo da temporada na face leste do Pico São Luis, uma desconhecida montanha incrustada entre o maciço da Procissão das Almas e o imponente Pico do Baiano. 

A primeira investida nessa parede foi feita no inicio de junho e contou com três escaladores. Gustavo “Tigrão”, Aquiles Araújo e André “Barata” Gonçalves. Abrimos a trilha de aproximação e conquistamos 3 enfiadas em dois dias. Após a escolha da linha o Aquiles pegou a ponta e conquistou os primeiros 20 metros, bateu uma chapa e me passou a tarefa de terminar o trecho: mais 20 metros num positivo sem fendas e poucas agarras. Cheguei à base de uma laca perfeita, escalada em oposição e protegida com camalots #2 ao 5. Uma rocha sólida e aderente que torna a movimentação muito interessante. Nas próximas duas enfiadas continuei na ponta da corda e me deliciei com essa fenda que se afinava enquanto ganhava altura exigindo o uso de um jogo de camalot completo com 13 peças e muitas costuras para a progressão.Essa primeira investida rendeu 180 metros de via e a certeza de mais desafio na próxima investida.

No feriado de 7 de setembro voltamos à parede, dessa vez eu, Marcus “Rufino” e André “Dedé” Braga prontos para mais 3 dias na montanha e empenhados em terminar essa empreita. No primeiro dia repetimos a parte conquistada e fixamos as cordas até P3. No segundo dia, acordamos ainda escuro e antes das 6 da manhã estávamos jumareando pra recomeçar os trabalhos.

O Rufino assumiu a conquista e passou pelo lance crux da via, uma laca negativa após um trecho em artificial de cliffs e equipado com chapeletas que foi transposta em livre e protegida com peças pequenas e médias. Continuei a conquista por mais 2 enfiadas e, ao meio dia, chegamos no cume. Na verdade um ante cume, situado uns 150 metros antes do cume verdadeiro, estando separado deste por um costão coberto por densa vegetação rupestre. Ficamos por ali uns minutos. Iniciamos o rapel de volta à base.

Os seis rapeis fluíram bem e em pouco tempo a segurança e o conforto do solo nos pertenciam. Pudemos então curtir uma oportunidade rara nesse tipo de escalada. Decidimos descer para a civilização no dia seguinte e como tínhamos comida e água sobrando ficamos o resto do dia ali, descansando aos pés do São Luis, vendo e refletindo sobre a ganância impiedosa da mineradora que dia e noite destrói as montanhas de Minas.

Essa escalada foi uma realização da equipe Bem Mais Vertical e contou com o apoio do Caverna Tatoo Estúdio, Bioma Meio Ambiente e Dedé Produções.

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